quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um sacrifício por amor não fere, ele cura.

Estou relendo Elisabeth Lukas. Gosto das idéias da logoterapia, conhecida como a terceira escola de psicoterapia de Viena. Seu fundador foi o doutor em medicina e psiquiatra, professor de neurologia, austríaco Viktor E. Frankl (1905-1997). É uma ciência que valoriza na pessoa as dimensões: bio-psico-socio-espiritual.

Bem, a autora menciona um exemplo de sua clínica de psicoterapia. Uma mulher que havia extraído o seio por causa de um câncer. A paciente tinha horror à festa de Natal. Entretanto, desde que casara, todos os anos convidava seus pais para a tradicional reunião natalina. Era um grande sacrifício na cozinha: fazendo bolos, biscoitos e assados. Além da exaustão na arrumação interminável da casa.

Para Elisabeth Lukas, um sacrifício que leva ao esgotamento é sem sentido, isto é não tem um bom motivo. O motivo da paciente em convidar os pais todos os anos era o medo de magoá-los ou criar um clima de desarmonia na família caso fizesse outro plano. Evidentemente, os pais gostavam de passar os dias de festa com sua filha. Lukas, diz que seria um erro como psicóloga dizer a sua paciente que ela havia sido “burra” ou que se deixara explorar. Espontaneamente disse à paciente que ela havia proporcionado aos pais muitos natais agradáveis. Contudo, explicou-lhe que os seus motivos não haviam sido os melhores, pois faltava harmonia consiga mesma: interiormente ela dizia “não” e exteriormente dizia “sim”. Essa incongruência, diz a autora, favorece o adoecimento. A paciente encorajada, e consciente de que o que fizesse tinha que ser feito por decisão própria, conseguiu dizer abertamente para o pai(*) que no natal seguinte preferia viajar com a própria família a celebrar a festa com ele em casa. De acordo com o relato da paciente aquele natal fora o mais tranqüilo de que tinha lembrança. Não obstante houvesse também decidido, conscientemente, trazer o pai para passar em sua casa outros natais para não ficar triste e sozinho em casa. Assim, ela fizera um sacrifício que tinha sentido, por amor a uma pessoa próxima e pela primeira vez sentiu-se bem com isto.

É isso! Um sacrifício por amor não fere, mas, cura.
Paulo Alexandre
Inspirei-me em “Prevenção Psicológica”, Elisabeth Lukas, Editora Sinodal/Vozes, 1992.

(*) A mãe havia falecido e o pai estava morando sozinho. Com o pai ela se dava melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _