terça-feira, 30 de junho de 2009

DIÁLOGO DE CASAL CASADO COM FILHOS CASADOS

A história abaixo se propõe a pontuar as ações dos casais que, em casa, culpam o outro pelos problemas, não reconhecem sua participação na construção e na perpetuação do mau relacionamento que se vivencia.

Era uma vez uma dona de casa, que não trabalhava fora, mas dava um duro danado em sua própria casa, mesmo sem ser reconhecida.
Um dia, os filhos criados seguiram a recomendação bíblica e deixaram mãe e pai.
Ela, dona de casa, que quase não saia do espaço feminino (a casa) vive hoje reclusa na mesma casa, com o marido aposentado.
Ele sempre trabalhou fora de casa, para a proteção dela e, mesmo assim, achava que ela é que levava a vida, por não trabalhar fora.
Ambos, agora, estão na mesma situação: são donos de casa. E comem muito mais!
Como na vida tudo é movimento, o tempo passa, dia nasce e morre; sol nascente e sol poente. Ninguém fica para semente.
Ela e ele que no passado miravam o ideal de casal casados para sempre, agora vivenciam uma relação de oposição entre o masculino e o feminino.
A casa onde vivem é grande.
O marido dorme no quarto da frente, a mulher dorme no quarto dos fundos da casa. E, de vez em quando, ambos se encontram na cozinha, área comum aos dois para alimentação. Encontro sempre rápido, sem muita troca de olhares ou de palavras; sinal de que a comunicação conjugal está deteriorada.
Porém, um dia uma estranha luz brilhou forte na cozinha envolvendo ambos que preparavam cada um a sua própria comida.
A intencionalidade da luz era a promoção da satisfação do casal, através de um simples remédio: o ensino de habilidades de comunicação e solução de problemas.
Sem que percebessem a luz os guiou à comunicação, que envolve a fala e a escuta.
Dos lábios do marido vazou uma pergunta inesperada para a esposa:

Quem é você?
Sou moradora desta casa. - respondeu a mulher.
Eu também sou morador desta casa. – disse o marido.
Então somos unidos pelo mesmo teto – verbalizou a esposa.
Pensativos continuaram nas carícias à refeição.

Ao toque da verdadeira luz que iluminava a cozinha a esposa deu continuidade à conversação, perguntando:

Quem é você?
Sou o pai dos meus filhos. – respondeu o marido.
Eu também sou figura parental. – disse ela com certo contentamento.
Então somos unidos pela parentalidade. – disse ele.
Pensativos degustavam a alimentação, sentados cada um de um lado da mesa da cozinha iluminada pelo sobrenatural.
O marido notou que o diálogo deles estava com menos interrupções, menos defensivo, menos rude. Desejou continuar na conversação.

Quem é você? - de novo perguntou ele.
Sou a única mulher desta casa. – disse ela.
Eu também sou único. – disse o marido.
Então somos unidos pela singularidade – respondeu a esposa.
Pensativos mastigavam vagarosamente o alimento naquela cozinha, que um dia fora de celebração.

Pairou o silêncio!
Ela, o olhou sem ser vista. Riu! Sem ser pega no riso.
Estava gostando da brincadeira iniciada pela luz que ilumina todo ser. Afinal, tudo pode começar com o brincar. A criança apr(e)ende a estar no mundo e a ser cidadã através do brincar.
Ela também notou que não havia naquela conversação: crítica, exigência, acúmulo de aborrecimentos, formação de mágoas.
E ela continuou brincando.

Quem é você? – ela perguntou de novo.
Eu sou uma pessoa sonhadora. – respondeu ele.
Eu também sou uma pessoa. – afirmou ela.
Então somos unidos pela personalidade. – disse o marido.

Pensativos terminavam de saborear o alimento no lugar que, fora antes de celebração, mas que agora oferecia por intervenção do sobrenatural: alento, olhares disfarçados, riso, brincadeira. O lúdico fazia o casal apreender e fortalecer valores como a amizade, a partilha, a solidariedade e o respeito pelo próximo.

Ambos escolhiam continuar ali, na região da casa comum aos dois.
Era um momento histórico, inédito. Há anos que apenas se esbarravam por acidente na cozinha, enquanto preparavam rapidamente um alimento para ser comido a sós nos aposentos.
A verdadeira luz que ilumina todo homem na interação do casal desencadeava não uma discussão, mas o princípio de uma boa conversação: falar e ouvir e vice-versa.

Quem é você? – o marido repetiu sem saber porquê.
Eu sou uma mulher desejosa. – ela falou.
Eu também desejo. – ele afirmou.
Então somos unidos por esse algo que difere de necessidade.

Pensativa ela se levanta para ir em direção ao lugar de proteção, fugindo do encontro promovido pela verdadeira luz. Como pessoa que, sente medo diante do novo, busca a esquiva por temer o fracasso de novo.
Entretanto o sobrenatural queria a continuidade daquele momento de encontro.
Ademais, eles estavam discutindo um assunto sem se desviar para outro e sem embutir uma queixa em cada resposta dada, aumentando assim a possibilidade da comunicação compreensiva.

Quem é você? – falou a esposa impulsionada pela luz.
Eu sou alguém que se sente bem. – disse ele.
Eu também me sinto bem. – ela ressaltou.
Então somos unidos pelo bem-estar, que sabemos como é, por causa do mal estar que, aqui nesse lugar, um dia foi de celebração e até alguns momentos atrás era lugar da negação de qualquer efeito colateral de felicidade.

As palavras ditas foram fortes, mexeram com o coração. Ele, como José do Egito, levantou da cadeira e correu para o quarto dele a fim de chorar.
E ela, tocada pela luz que não permitiria a esquiva que impede a solução satisfatória de problema, foi atrás dele.
Afinal, aquela conversa começara na cozinha com compartilhamento e, até ali, não terminara em guerra, ou seja, numa tentava de convencer o outro a mudar de lado.
E, assim, por causa da luz que ilumina todo homem eles se aproximaram novamente pela conversação, que na cozinha se iniciou, cativou e seduziu seus corações, e os uniu novamente no ninho de amor, lugar do leito sem mácula.

Essa história pontua que o casal trocou fala, sem tom de voz agressivo, sem acusações ou insinuações, sem coerção, sem ameaças, sem negação de carinho, sem agressão verbal ou física, sem querer mudar o comportamento um do outro.

Eis as trilhas para uma boa comunicação conjugal. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça. Quem quiser colocar em prática que tente! É errando que se aprende! [Autor: Paulo Pinto Alexandre]

terça-feira, 23 de junho de 2009

NÃO POSSO CONTINUAR...

Paciente: Doutor, minha vida é uma farsa! Essa história de esforço para enxergar belezas escondidas não quero mais. Eu sou uma farsa! Sou um fracassado! Na sessão anterior eu estava começando a acreditar que poderia ser um caçador de belezas adormecidas nos outros e em mim. Chega! O melhor mesmo é que a morte me encontre. Eu quero morrer! Amaldiçoou o dia em que eu nasci. Eu devia ter sido um aborto, para não contemplar a luz do dia.

Psicólogo: Presta bem atenção no que eu vou lhe falar, para que você não me entenda mal e entre em um desespero maior ainda. O neurologista Viktor Emil Frankl fazia uma pergunta inoportuna para seus pacientes que estavam enfrentando adversidades grandes. Quando a pessoa alegava nada mais esperar da vida a pergunta serviria para dar um outro enfoque. Contudo, antes de fazer-lhe a pergunta preciso ter certeza de que você está pronto para ouvi-la. Não é uma pergunta qualquer! Ela é tremenda no impacto! Pode ser um remédio doce ou amargo.

Paciente: Se você não disse a pergunta é porque você também me vê como as outras pessoas! Todos acham que sou louco! Um descompensado ambulante! Já estou cheio! Gostaria de entregar os pontos. O que eu ainda posso esperar da vida? Não tive liberdade de escolher meus pais, carrego um nome que não gosto, não tenho dinheiro para trocar de nome, não consigo dizer não, as pessoas fazem o que querem de mim. Eu estou farto! Gostaria de gritar bem alto, no meio da 25 de março: Estou cansado dessa vida inútil.

Psicólogo: Creio que seu desabafo é oportuno. Vivemos numa sociedade de contradições, aprendemos desde a infância a esconder o que pensamos através da linguagem, o inferno na vida das pessoas é, como diz Rubem Alves, o olhar dos olhos. Entretanto, gostaria de lhe fazer uma pergunta. Não é aquela pergunta que eu havia proposto anteriormente, pois essa ainda precisa encontrar um terreno bem preparado. Você disse que não espera mais nada da vida! Mas o que a vida espera de você? Esta é uma pergunta que Viktor Frankl faz em seus textos. Ele diz que a vida espera algo das pessoas e que esse algo (trabalho, projeto, ...) na vida, no futuro, estaria a espera dela.

Paciente: Eu espero que a vida me dê saúde, prosperidade, longevidade, sabedoria, pessoas compreensivas ao meu lado, uma casa nova, prazeres; enfim, tudo de bom!

Psicólogo: Isso eu já entendi. O que você espera da vida eu já compreendi. Mas eu quero saber o que a vida espera de você nesse momento, incluindo os dissabores pelos quais você está passando. Entendeu a minha questão. Não quero saber o que você espera da vida, mas o que a vida espera de você. Infelizmente nosso tempo está no limite de novo. Seria bom você pensar sobre esse assunto durante a semana.

Paciente: Eu fiquei devendo a tarefa da sessão passada e você já está me confiando outra tarefa. Penso que você enxerga em mim potencialidades adormecidas, pois se exige de quem pode oferecer.

Psicólogo: Até breve!

Paulo Pinto Alexandre
crp 06/44437-8

segunda-feira, 22 de junho de 2009

ENSINA-ME A ENXERGAR AS BELEZAS ESCONDIDAS!

Paciente: Eu voltei por uma única razão: quero aprender a enxergar as belezas escondidas mesmo nas situações de adversidade.

Psicólogo: Que bom que você voltou! Isto é sinal de flexibilidade, desejo de construir sempre, confiança no outro e o lidar com a incerteza. Essas são atitudes interpessoais produtivas.

Paciente: Você quebrou as minhas pernas com esse discurso. Você não imagina quanto eu relutei de retornar, até pensei em procurar outro profissional para a continuação da psicoterapia. Mas a minha consciência falou alto e eu resolvi enfrentar a situação. Estou cansado de fugir aqui e acolá. Não sei se você fez de propósito, mas eu enxerguei pelo menos três belezas no meu retorno.

Psicólogo: Todo processo de educação é também um processo de frustração. Quem escolhe algo deixa de lado ou para trás uma porção de outras coisas. Mas é assim mesmo, toda escolha implica em ganhos e também em perdas! Entretanto, é necessário fazer escolhas. Indica que você sabe o que quer e para onde quer ir. Elisabeth Lukas afirma que quem não sabe para onde quer ir, acaba dando aonde não quer. Aprecio a sua escolha. Se você estivesse aqui por causa da fala de alguém, não estaria sendo espiritual; pois estaria se submetendo ao que os outros querem. Viktor Frankl diz que fazer apenas o que os outros querem é submeter-se ao totalitarismo e querer apenas o que os outros fazem é uma tendência ao conformismo. Ah! Diga-me quais belezas escondidas você enxergou.


Paciente: Nossos encontros semanais são tão ricos. Eu me sinto um privilegiado em fazer psicoterapia na posição de paciente. As pessoas deveriam fazer um esforço para romperem com a idéia de que psicólogo é para loucos. Fiquei impressionado com o conceito de escolhas. Entretanto, deixa-me mencionar as três belezas que vi. Enquanto você falava sobre o retorno ocorreu-me a idéia de que há um movimento contínuo nas relações interpessoais: todo encontro caminha para um desencontro que caminha para um reencontro. A outra idéia que me veio é que retorno faz parte do cotidiano. Os motoristas fazem durante suas viagens retornos. Retornar não é um fracasso, mas um meio de se posicionar no caminho correto. Não sei se é estatístico o que vou falar, mas tenho comigo, nesse instante, que retorno é mais usado em novas trajetórias. A terceira beleza que enxerguei é que construção leva tempo. Como gosto de jardim imaginei-me num projeto assim. Construir um jardim requer planejamento, local adequado em relação ao sol e às plantas que se pretende colocar no jardim, drenagem de acordo com as necessidades das plantas, enfim uma porção de detalhes que um técnico no assunto poderia descrever em páginas.

Psicólogo: Nosso tempo já está chegando no limite. Vou aproveitar os minutos restantes da sessão para dar-lhe uma tarefa. Durante a semana escreva o que vier à sua mente sobre: “potencialidades adormecidas”. Escreva sem receio!

Até breve
Paulo Pinto Alexandre
crp 06/44437-8

sexta-feira, 19 de junho de 2009

TIVE UM PESADELO: DIÁLOGO ENTRE PSICÓLOGO E PACIENTE!

Psicólogo: Olá! Como você está hoje?

Paciente: Não muito bem!

Psicólogo: Então me conta o que aconteceu.

Paciente: Acordei pela manhã por causa de um pesadelo. Eu estava num lugar público cheio de pessoas. Parecia uma cerimônia de casamento, ou algo que se faz de vez em quando numa igreja. Eu estava bem perto do altar, ou estava no altar celebrando uma cerimônia sagrada. Eu recebi um telefonema de minha esposa. Eu ouvi o telefone tocar, meu coração logo disparou. Lembrei-me, no sonho, que ela havia viajado com os meus filhos. Vi a tragédia! Procurei o telefone mas não o encontrei (coisa de sonho). Alguém estava com meu telefone à porta da igreja. A pessoa atendeu meu telefone e eu saí correndo em direção à porta, deixando para trás o altar, enquanto passava pelos corredores da imensa igreja (quando se esta com pressa ou ansioso a travessia parece longa) ouvi uma voz dizendo: “é a esposa, uma tragédia aconteceu”. Logo pensei: “o diabo também freqüenta a igreja”. Em desespero, peguei o telefone e ouvi do outro lado uma confusão. Era minha esposa chorando, tentando me falar algo, eu ouvia vozes de pessoas gritando. Uma voz lá no fundo, do outro lado, era parecida com a voz de um dos meus filhos. Entrei em desespero imaginando a desgraça que havia ocorrido. Acordei assustado! Graças a Deus minha esposa estava ao meu lado na cama e meus filhos estavam no quarto ao lado.

Psicólogo: Gostaria que você se empenhasse em descobrir alguma beleza adormecida em seu pesadelo.

Paciente: Você está brincando comigo. Você realmente acredita que há alguma coisa boa nisso tudo? Não me venha com essa conversa de “poliana”.

Psicólogo: Acho que você me entendeu mal. Então, deixa-me explicar melhor. Não tem nada a ver com poliana, mas tudo a ver com a logoterapia, conhecida como a terceira escola de Viena, cujo fundador foi Viktor Emil Frankl, que pressupôs que tudo tem um sentido (logos). Entretanto, o sentido não pode ser atribuído por alguém, mas descoberto. Faça um esforço para enxergar alguma beleza em seu pesadelo.

Paciente: Não posso! Eu não consigo! Acho que mexer em algo que está quieto é um grande risco. Vai que a desgraça venha a se concretizar. Aí eu vou me penitenciar para toda a vida.

Psicólogo: Lembrei-me de dois relatos importantes. Um é de Elisabeth S. Lukas, discípula de Viktor E. Frankl. Ela afirma que a frase “não posso” é dita apenas com um mover de lábios, sem exigência de reflexão, é portanto, fácil de ser dita, rápida e cômoda. Mas é improdutiva. Mata possibilidades, que poderiam ter emergido a partir de um “eu posso”. O outro relato é do próprio Frankl, que conta uma historia de um mordomo que avistou a morte rondando a casa do patrão. Tendo a impressão de que a morte estava ali para levá-lo, resolveu dela fugir. Contou ao patrão o que estava acontecendo, pedindo um cavalo para fugir para uma cidade distante, a fim de enganar a morte. O patrão o atendeu. O mordomo à galope fugiu da morte. O patrão encontrando a morte por ali, perguntou-lhe de suas intenções. E ela disse que estava apenas fazendo hora, pois haveria de encontrar o mordomo à noitinha na cidade distante. Moral da história: tentar fugir da morte é encontrar-se com ela. Quero que você pense sobre duas situações: a primeira é que, quem sempre diz “não posso” mata potencialidades adormecidas. A Segunda é que, viver se esquivando da morte é não realizar a história que a vida espera da pessoa. A morte deve ser a força motriz para se viver intensamente o dia de hoje.

Paciente: É fácil falar de uma situação cômoda. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Estou cansado desse papo de auto-ajuda. Bem, não posso falar, não vou falar e, simplesmente, vou embora. Meu tempo acabou! Até breve.

Paulo Pinto Alexandre
crp 06/44437-8

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ESTOU ANSIOSO: DIÁLOGO ENTRE UM PACIENTE E O SEU PSICOTERAPEUTA

Paciente: Hoje de manhã comecei a ficar ansioso!

Psicólogo: Como assim, você começou a ficar ansioso?

Paciente: O meu problema é o futuro! Fico pensando demais no amanhã!

Psicólogo: Conta-me quais preocupações você tem em relação ao futuro.

Paciente: Preocupo-me com tudo!

Psicólogo: Entendo. Tente colocar em uma única frase a sua preocupação em relação ao futuro.

Paciente: Tudo bem, vou tentar. O questionamento que me vem com maior freqüência é: “estarei vivo em 2015”?

Psicólogo: O que o leva a pensar que daqui a seis anos você não estará vivo?

Paciente: A carga genética!

Psicólogo: Como assim a carga genética?

Paciente: Minha mãe morreu repentinamente aos cinqüenta e poucos anos.

Psicólogo: A carga genética realmente é importante para que as pessoas fiquem alertas e façam prevenção, diante das possibilidades de desencadeamento genético de doenças. Mas não a tome como algo inevitável. Seu estilo de vida (alimentação, exercícios físicos) conta em muito para o desenvolvimento ou não de doenças predispostas.

Paciente: É um pensamento muito forte. Ele penetra minha mente sem autorização. Chego até a contemplar as cenas do meu velório. É muito desagradável. Só de pensar já estou me sentindo mal.

Psicólogo: O que você está sentindo?

Paciente: Medo de morrer! Meus batimentos cardíaco estão acelerados, minhas mãos estão suadas, tenho uma sensação de sufocamento, sinto falta de ar e dor no peito. É horrível! Acho que estou enlouquecendo. É muito ruim!

Psicólogo: Calma, calma e calma! Sente-se confortavelmente! Imagine que você está em lugar muito agradável. Pode ser uma praia, um sítio, um campo, onde você quiser. É apenas uma imaginação. Imagine que nesse lugar tudo está tranquilo! É um lugar agradável, que você gosta de estar. Você caminha, observa a natureza ao redor, sente o vento acariciando a pele do seu rosto. É um lugar muito agradável. Tudo está tranquilo! Você sente que os batimentos cardíaco estão normais. Você está seguro de que nada de mal vai lhe acontecer nesse momento. Você inspira profundamente pelas narinas e vai soltando lentamente o ar pela boca. Faz uma vez, outra vez e mais uma. Faça de conta que você é um balão (bexiga) de festa, com o qual uma criança brinca. Ela o enche bastante e, depois estica a boca do balão para ir lentamente soltando o ar, fazendo um ruído característico de bexiga que está sendo esvaziada. Faça novamente isso! Repita mais uma vez. Sei que você está bem! Relaxe! Descanse alguns minutos, pois o seu tempo acabou!

Até semana que vem!
Paulo Pinto Alexandre, psicólogo clínico. crp 06/44437-8
P.S. Este diálogo é fictício.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

DA “INOFENSIVA” PALMADA À VIOLÊNCIA FÍSICA CONTRA A CRIANÇA!


Esta semana choquei-me com uma reportagem na RTP de Portugal. As pessoas arrumam um cãozinho de estimação e, quando saem de férias, abandonam o animal nas ruas. Lá, é como cá. Mas é uma crueldade!

Fico chocado também com a lógica de nossa sociedade permissiva que afirma: bater em animal é crueldade, bater em adulto agressão e bater em criança é educação.

As pesquisas que tenho lido no site da BIREME deixam-me chocado. Leio em pesquisa recente (BISCEGLÎ, T.S. et. al.; 2008) que anualmente no Brasil 55,6 milhões de crianças com menos de 14 anos de idade sofrem alguma forma de violência. Assim, 18 mil crianças são agredidas por dia, 750 por hora e 12 por minuto.

A referida pesquisadora, que é pediatra e doutora da USP de Ribeirão Preto, afirma que as doenças infecciosas e parasitárias matam menos as pessoas entre cinco e 19 anos do que a violência.

O estado de choque não me leva, nesse momento, à ilusão de indulto (FRANKL). Mas, ao fortalecimento de minha luta como ERNESTO, ou seja, um combatente dedicado à causa da proteção primária da infância.

Ser ERNESTO é lutar contra idéias tidas por inquestionáveis. Como o provérbio russo que li: “ama as crianças com o coração, mas educa-as com tua mão” (WEBER, et.al, 2003:).

Ora, a mão é instrumento refinado. Não se deve usar a mão para bater em criança. As mãos devem descer para acariciar, mas nunca para punir corporalmente uma criança.

Jesus Cristo disse: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis”.

Uma criança que apanha dos pais com a mão ficará sempre atenta à mão parental, que é uma ameaça.

Use a mão para estabelecer contato amistoso.
Até breve.
Paulo
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _