segunda-feira, 7 de setembro de 2009

É BOM TER MEDO.

Passando por uma loja no centro da cidade (Santo André) percebi um olhar indiscreto. Parei e olhei, com a palavra na ponta da língua: Tá olhando o que? Gostou? Leva para casa!

Mas, era um boneco esquisito à porta de uma loja. Não sei de que era a loja. O olhar do boneco ficou em minha memória.

Fez-me lembrar a família monstro. Vocês se lembram dela? Eu gostava do vovô, por causa da capacidade dele em se transformar em morcego e se safar das situações sem grandes explicações. É tão bom, não ter que dar justificativas. Estamos envoltos por justificativas.

A esposa pergunta: Onde você estava? O que fez? Por que fez?

Os filhos pedem justificativas: Pai você me deixa ir a tal festa? Por que não posso ir? No seu tempo você não ia? Seu pai não o deixava?

Perdão, eu me dispersei.

O boneco horroroso à porta da loja me fez pensar no medo das crianças. Não sei de que elas têm medo hoje. Sei de criança que tem medo de encontrar um cadáver no portão de casa. É medo palpável. Sei de criança que tem medo de fantasma. Como não conheço tanto o medo delas, vou aventurar-me a tocar no medo dos adultos.

Adulto tem muitos medos.

Medo da solidão; o que o move para a busca de alguém.

Medo de errar na escolha da carreira profissional; o que o faz buscar orientação vocacional, conselhos e consultoria.

Medo de ser aprisionado pelo olhar dos outros; o que faz olhar também para os próprios interesses.

Medo de não se casar; o que faz buscar especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Medo de não ter filhos biológicos; o que faz preparar-se para a geração de um filho do coração.

Medo de não aproveitar as oportunidades, o que faz ser criterioso e estratégico.

Medo da aposentaria, o que faz arrumar trabalho e não mais emprego.

Enfim, o medo é bom. É a nossa força motriz. O medo faz as pessoas se movimentarem. O medo é ruim, quando ele paralisa trazendo grande sofrimento individual ou social.

É isso.

Paulo Alexandre.

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