segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Viajei

Quinta-feira à noite fui para um lugar de refúgio. Lugar dos outros, mas meu durante três dias. Todos precisam de um lugar de refúgio. Elias depois do monte Carmelo recuperou suas forças e, acima de tudo, seu para quê na caverna. Esta, não é para muitos dias. Quem aprendeu a viver fora da caverna não consegue retornar para lá e ficar para sempre. É como a casa dos pais. Quem dela saiu, se voltar sofrerá intensamente. Mas, de quando em vez ir a casa da família de origem é bom.

Contemplei os montes. Elevei meus olhos para eles. Observei o ritual dos pássaros à tardinha, antes do escurecimento de cada dia. Eles fazem sempre a mesma coisa e louvam a Deus na repetição do ritual. O odor do pasto, como é bom. O bom perfume da fazenda, do gado. O verde da grama, as flores, os beija-flores, tudo em harmonia. A natureza expressa a Deus.
Li o que queria. É bom demais! Ler é muito bom. Acho que os médicos deveriam prescrever leituras como remédio. Está alguém doente? Fale com o Criador e leia. Leia as sessenta e seis cartas de amor. Leia a tempo e fora de tempo.
A leitura que fiz me levou ao encontro de Jeremias 49.11. Uma viúva que aos 36 anos de idade tinha nove bocas para sustentar, nove pés para calçar, vestir... Ela encontrou refúgio na promessa bíblica. Ela apegou-se a esse texto para sempre.
Temos dificuldade de apego tão forte. Apegamo-nos a um texto bíblico para um dia. Estamos envoltos por uma cultura do descartável. Usa-se e joga fora, como se houvesse um lugar para o lixo que não fosse o próprio lugar de nossa habitação. É como excluir arquivos do HD do computador. Ele deve ir para algum lugar que não é o lixo da casa, do escritório. Daí a nossa dificuldade de uma consciência planetária. Pensamos apenas em nosso mundinho.
A leitura que fiz encheu-me de motivação. Não há casos perdidos. Dessa mulher um rebento foi brilhante e marcou a vida dos outros. Mas, antes disso foi líder de meninos desocupados, aborrecia os vizinhos, não parava em emprego, não gostava de estudar, queria algo que nem ele sabia o que era. Mas aquele texto bíblico da jovem viúva cumpriu-se nela e nas suas flechas.
No meu refúgio encontrei-me com o quixote. Um cachorro amigo, de olhar humilde, que espera ser convidado para acompanhá-lo para lá e para cá. Gosto dele. Eu o chamava e ele vinha. Quando ele estava a fim de descansar eu o deixava e vice-versa.
No meu refúgio pude abraçar e fazer oração com a mulher da minha mocidade olhando os montes. Caminhamos juntos para enganar o nosso DNA. Fomos à cidade, à praça, tomamos sorvete de massa. É muito bom ter família. Pessoas que estão próximas que compartilham objetivos comuns. É muito bom aproveitar o dia que Deus nos dá. É bom saber que Deus é o nosso refúgio sempre.
É isso.
Paulo Alexandre

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