quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um homem que queria ser escritor.

Era uma vez um homem que queria ser um grande escritor.
Um dia ele sentou-se confortavelmente em frente ao seu computador, primeiro pôs a mão direita sobre o teclado, depois a esquerda e começou a digitar uma letra aqui outra ali, e outra ainda acolá. Lia o que escrevia e reescrevia por não ter gostado do texto.
Aquele homem passou horas à frente do computador. Escrevia, lia e reescrevia. Depois de horas de trabalho, percebeu que não havia escrito o suficiente para ser um grande escritor.
Chateado, levantou-se da cadeira, foi ao banheiro, fez o que tinha de fazer. Voltou, sentou-se novamente em frente ao computador.
E resolveu que não mudaria de idéia, ficaria ali, mexendo no teclado até que conseguisse escrever uma bonita história para as crianças.
As horas foram passando, e o homem ali, digitando uma palavra, uma frase e outra e ainda outra. Mas nada o agradava.
Os olhos já estavam cansados.
Os dedos estavam doloridos.
O cérebro irritado.
Sem mencionar as outras partes do corpo, ali inertes.
Foi assim que brotou o plano para tirar aquele homem da frente do computador. Só assim o corpo poderia descansar.
A idéia inicial foi do cérebro que cuidou do desenvolvimento de uma história. Como o cérebro não podia digitar o texto e nem realizar a correção gramatical. Convidou os dedos das mãos para escreverem a história e os olhos para a supervisão da digitação.
A mão direita e a esquerda concordaram com o plano e avisaram todos os dedos para ficarem atentos às ordens do cérebro. Eles precisariam ser rápidos às ordens do cérebro para que o homem não tivesse condições de controlar o escrito. Os olhos estariam atentos para a leitura.
Os três estavam prontos: o cérebro, os olhos e os dez dedos das mãos.
O cérebro disparou uma mensagem para as mãos e estas repassaram a mensagem para os dedos. Estes, não perderam tempo: escreveram.
Quando o homem percebeu que os dedos estavam escrevendo rapidamente, sem o seu controle, tentou para-los, mas não conseguiu. Os olhos, atentos ao escrito, comunicavam o cérebro quando havia algum erro de digitação e o cérebro informava os dedos para a correção.
O homem tentou parar de escrever, mas não conseguiu impedir o plano.
O cérebro, os olhos e as mãos com os dedos fizeram um complô para concluir a história.
E assim eles escreveram durante quarenta e cincos minutos sem parar. Quando pararam de escrever o homem já estava cansado, mal podia ler o que foi escrito e muito menos reescrever ou apagar. Por isso, foi é descansar.
A boca riu de felicidade, os pés correram para o sofá, os ouvidos apreciaram o silêncio, os dedos das mãos descansaram, os olhos se fecharam e o cérebro ficou ali quietinho trabalhando em ritmo mais lento.
No dia seguinte, o homem foi ler o que estava escrito.
Ele não gostou do que leu, aquela história tinha que ser apagada.
Quis apagar, mas o computador travou.
Após reiniciá-lo de novo tentou deletá-la, mas o computador travou novamente.
Achou estranho o que estava acontecendo.
Percebeu que havia algo diferente.
Pressentiu um complô.
O homem pensou: “Como vou fazer sucesso com uma história tão triste?”
Ele notou que os dedos da mão se comportavam de maneira estranha, os movimentos e os gestos eram comprometedores. Pareciam que estavam escondendo alguma coisa.
Ficou magoado com os dedos.
Ele não os havia autorizado a escrever.
Sabe o que os dedos escreveram a mando do cérebro e sob a supervisão dos olhos?
Bem, isso eu conto depois.
Paulo Alexandre.

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