Serei curto e grosso. Quero apresentar duas situações vividas pelas pessoas.
A primeira: a das pessoas que ajudam os outros.
Quem ajuda o outro em suas necessidades pode faze-lo por motivações diversas. Não sou adepto da teoria que pressupõe que toda ajuda objetiva a própria satisfação. Reconheço que nem toda ajuda aos outros provêm de motivações altruístas. Darei dois exemplos de pessoas que com seus atos de bondade procuram, em última instância, a própria satisfação.
De um lado, existe a pessoa que tem necessidade de reconhecimento exagerado, que nutre um sentimento de inferioridade, que está sempre em busca de elogio e gratidão através dos seus serviços prestados.
De outro lado, há a pessoa que se utiliza de pequenos favores para o domínio e a manipulação do outro.
Entretanto, existem pessoas que estão prontas para toda boa obra. Elas cuidam com toda a amabilidade de seus amigos, parentes, dos que sofrem, do doente e do idoso. Elas não se cansam de fazer o bem. O bom samaritano mencionado pelo dr. Lucas em seu Evangelho é um bom exemplo desse tipo de pessoa, bem como a amabilidade do apóstolo Paulo na epístola de Filomen.
A Segunda: a das pessoas que querem consertar tudo.
Quem tudo quer consertar corre um grande risco. O risco do esgotamento, conhecido como burnout (exaustão e vazio). Este é o estresse que atinge pessoas que cuidam de pessoas: médico, assistente social, psicólogo, pastores, pedagogos. Elas se dedicam a tantos e num dado momento, sentem-se desamparadas e perguntam-se: “Quem vai cuidar de mim?”
Aí vem uma derrocada psico-física.
Entretanto, há saída. E ela está no princípio da independência em relação ao êxito.
O que interessa a essas profissões é o ser humano e não o êxito sobre uma determinada situação. Quem lida com pessoa não deve adotar a lógica mecanicista de fazer funcionar. Não lidamos com máquinas. Estas, recebem o conserto e voltam a funcionar e seu êxito depende do mecânico. Quem lida com ser humano deve fazer a sua parte do processo responsavelmente, mas a mudança ou a construção (o funcionamento) é decisão do outro e não do profissional que dele cuida.
Então, os profissionais não têm o dever de se considerarem fracassados no caso de não funcionamento do outro. A expectativa do profissional está no que ele pode contribuir e não no resultado, pois este não depende somente de seus esforços.
Assim, não é inútil orientar, educar, dar conselhos; mesmo que não dêem resultados esperados. Contudo, no futuro poderá servir para provocar alguma mudança.
É isso!
Paulo Alexandre.
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Fonte de inspiração: Elisabeth Lukas. Prevenção psicológica. Editoras: Vozes e Sinodal. Petrópolis e São Leopoldo, 1992.