segunda-feira, 6 de julho de 2009

TUDO ERA SUPORTÁVEL. (Medo do próprio medo)

Quem passa pelo medo do próprio medo sente saudade do passado que antecedeu aos sintomas do medo.
Antes eu dirigia sem qualquer receio. Congestionamento não me assustava. Shopping era o meu prazer, gostava de multidão. Onde tinham pessoas eu me animava. Hoje tudo isso me assusta. Só de pensar minhas mãos gelam, o coração acelera, sinto falta de ar, sensação de sufocamento. Quantas e quantas vezes eu me perguntei: “O que está acontecendo comigo?”

Tudo começou aparentemente com um evento insignificante. Era uma viagem de feriado prolongado. Chegamos ao nosso destino e tudo estava maravilhoso. De repente, senti-me mal, parecia um enfarte. Fui ao hospital, fiz alguns exames, fui medicado e de lá para cá nunca mais fui o mesmo. Todas as vezes que penso, ouço ou falo de viagem passo mal. O pensamento recorrente é o de agonizar sem socorro possível. Consultei-me várias vezes com cardiologistas e nenhuma cardiopatia foi diagnosticada. Eu vivia pensando a mesma coisa. Quem me olhava não sabia o meu drama. No início era medo de viagem, de trânsito, de multidão, depois de enfrentamento de situações novas, nas quais eu temia perder o controle, dar um vexame, desmaiar. O medo foi crescendo e ficando insuportável. Com medo de ter os sintomas que temia comecei a evitar situações que poderiam evocar os sintomas. Virei um fujão, um ermitão, um prisioneiro de meus temores. Quanto mais fugia, maior o medo ficava. Não podia falar para as pessoas ao meu redor o que estava acontecendo comigo. Eu pensava que estava ficando louco. Tinha medo de enlouquecer. Eu não tinha medo de morrer. Tinha medo do sufocamento, da asfixia, de não ser socorrido a tempo, de agonizar. Eu não desejo para ninguém o que eu vivi.
Hoje quando tenho uma trégua dos temores, sinto-me feliz e com uma pontinha de medo de uma nova recaída. Que saudade do passado, antes dos sintomas tomarem conta de mim. Parafraseio o salmista: “Oh! quão bom e quão suave era o meu passado, eu vivia muito bem em reuniões!” Será que um dia ficarei livre desse tormento? Estou cansado de intenso temor, de pavor, de palpitações, sudorese, tremores, sensações de falta de ar, de asfixia, dor ou desconforto torácico, desconforto abdominal, sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio, medo de perder o controle, etc. Novamente recorro ao salmista: “Até quando, ó Deus, te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando encherei de cuidados a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia?”.

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