sábado, 4 de julho de 2009

MEDO DO PRÓPRIO MEDO (Introdução)

Escrevo a partir da experiência de 15 anos de escuta de pessoas que vivenciaram transtornos de ansiedade. A minha intenção é colaborar para dirimir o sofrimento de quem passa nesse exato momento pelo transtorno de pânico e também incentivar a busca de ajuda profissional especializada para se aprender a lidar com os transtornos de ansiedade. Há ainda muito preconceito em relação aos profissionais da saúde mental, o que faz com que as pessoas busquem trilhas, as mais diversas, sem construir um caminho produtivo para lidarem com os transtornos de ansiedade. Em geral as pessoas que sofrem de transtornos mentais se conscientizam da necessidade da busca de profissionais da saúde mental, como o psicólogo ou o médico psiquiatra, quando já fizeram uma via crucis de meses ou anos de caminhada pelo serviço médico.
Este texto não é um manual, não esgota o assunto, é um start. Acredito que ajudará os que estão sob pressão de um pensamento recorrente e significativamente perturbador, que está comprometendo o funcionamento individual e social da pessoa.
Este texto é para os que têm medo de perder o controle emocional. É para as pessoas que diante de pequenos aborrecimentos apresentam sintomas como: dor de estomago, dor de cabeça, dores pelo corpo, ronco intestinal, etc. É para quem tem medo da morte de alguém muito próximo. É para quem já tentou ser forte ignorando os pensamentos, os sintomas, o medo. É para quem quer ter a coragem de dizer com o apóstolo dos gentios: “Se é preciso gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.”

OH! QUÃO BOM E QUÃO SUAVE ERA O MEU PASSADO.

Nunca imaginei que desejaria reviver o meu passado, que me parecia tão penoso quando ele era presente. Por isso hoje estou tentando reclamar menos do momento em que vivo, procuro viver cada minuto da minha vida na sua intensidade sabendo que o mais importante é o que eu faço diante das exigências da vida. Estou aprendendo também a agradecer mais. A gratidão é uma virtude. A palavra recorrente no meu pensamento é “Quão bom e quão suave é...”. Comecei a anotar as reclamações que eu fazia no decorrer do dia. Fiquei surpreso ao descobrir que sou um reclamão! Não é isto o que eu quero para mim. Resolvi disciplinar-me. Quero ser um “biófilo”, uma pessoa que ama a aventura de viver. Estou tentando dar graças em tudo. Quero valorizar o presente, pois quando gasto boa parte do meu dia choramingando das coisas que não deram certo, estou preso ao passado e deprecio o dia de hoje. Depreciando o presente vamos nos deixando aprisionar pela melancolia ou pela sensação de que um infortúnio ocorrerá. Resolvi gritar: “Chega de correntes que me aprisionam ao passado”. O passado é seguro. Ninguém pode altera-lo. Gritei novamente: “Chega de contemplação de portas fechadas, emperradas e enferrujadas”. Buscarei contar o número de portas abertas. Há inúmeras portas abertas que eu até então não via. E não as via pelo hábito forte de enxergar portas fechadas. Gritei mais uma vez: “Chega de muros de separação”. Passei boa parte da minha vida construindo átrios, construindo muros de separação, lugares sagrados e profanos. Novamente afirmo: Estou aprendendo a viver o dia de hoje. O Senhor Jesus afirma: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. Paulo P. Alexandre

Um comentário:

  1. Ao ler este texto, lembrei-me de quando era adolescente e queria andar na montanha russa. Embora tivesse medo, ele não era suficiente forte para me impedir de viver aquela aventura. Andei na montanha russa! Dei várias voltas no looping e vivi intensamente a adrenalina daqueles instantes.
    Acredito que hoje o grande desafio é fazer o exercício da atitude de viver sem deixar o medo me paralisar ou me impedir de viver intensamente a vida que Deus me proporciona. Acredito que o primeiro passo para isso é fazer como quando entrei na montanha russa: deixar-me ser dirigida pelo seu movimento, só que agora, deixar-me ser dirigida pelo meu Criador!!!
    Quero ser uma biófila!!!
    Miriam

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