quarta-feira, 29 de julho de 2009

Oi! Eu sou o Júnior.

Oi! Eu sou o Júnior. Tenho onze anos de idade. Meu nome significa combatente dedicado. Meu nome é igual ao do meu pai, que se chama Ernesto. Papai acredita que ao crescer vou descobrir o sentido do meu nome.


Eu moro com meu pai. Minha mãe mora em outra casa com o marido dela. Sou filho de pais separados. Eles se separaram quando eu ainda era bem pequeno. Sei que as diferenças os impediam de viver felizes como marido e mulher. De vez em quando eu visito mamãe. Ela, até hoje, diz que o casamento falhou, mas que eu fui o que deu certo da relação conjugal. Faz questão de revelar que a hora do meu parto foi tranqüila, não sentiu dor, nem ficou desiludida ao me ver pela primeira vez. Para os dois o meu nascimento foi só alegria. Eu acredito neles! São sinceros! Às vezes eu gostaria que eles voltassem a viver juntos. Mas sei que eles não seriam felizes.

Quando eu faço algo de errado meu pai conversa muito comigo. Eu não me lembro de ter apanhado dele alguma vez em toda minha vida. Mas com o Victor é diferente.

O Victor meu amigo, um amigão, mora com a mãe e o pai. Ele tem uma irmãzinha, que apronta mil e uma com ele. Um dia desses o Victor estava muito chateado na escola.

Resolvi lhe perguntar:
- Você está legal?
- Apanhei de chinelo em casa – reclamou.

A irmãzinha havia aprontado e ele, como sempre, levou a culpa. A mãe não o perdoou, pegou o que tinha perto de si e sentou nas costas dele, foram três ou quatros chineladas. A mãe bateu pouco. Entretanto, bateu muito. Ele sempre a obedecia, jamais reagiria. Ele não chorou. E, por isso, quase apanhou ainda mais. Não fosse o correr para o quarto e lá se trancar.

Na chateação, pensara até em fugir de casa. Mas não tem para onde ir. Eu tenho a casa de minha mãe, eis uma das vantagens dos filhos de pais separados.

Esse sofrimento do meu grande amigo me fez pensar na razão pela qual os pais batem em seus filhos.

Por isso, convidei o Victor para uma investigação sobre a mania de bater. Começaríamos ouvindo os nossos pais, depois duas professoras da escola e em seguida algumas crianças, colegas da nossa sala de aula. O Victor entrevistaria a mãe dele e eu meu pai. Iríamos juntos entrevistar as professoras escolhidas: a de português e a de ciências. E, finalmente, daríamos voz às crianças da nossa classe a respeito desse tema delicado e polêmico.
Combinamos também que para os adultos perguntaríamos: “por que os pais batem nos filhos quando acham que eles fizeram algo de errado?” Já para as crianças a pergunta seria: “Qual a sua opinião sobre apanhar dos pais?” Assim, fomos ao trabalho.

Que ansiedade! O meu coração batia acelerado. Os minutos pareciam horas. Não via o momento de ir para casa e contar essa novidade para o papai. Era quase impossível agüentar toda aquela efervescência dentro de mim.


Trecho do livro. Para compra: http://www.asabeca.com.br/ ou http://www.tempoparatudo.com.br/


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