segunda-feira, 27 de julho de 2009

ACRÓSTICO DA PALAVRA MULHERÃO!

Alguém me disse[1] ter recebido de uma amiga, que fazia muitos anos que não a via, o seguinte elogio: “você está um mulherão”. Ao ouvi-la, não tive dúvidas. Incentivei-a a fazer um acróstico com a palavra de seu elogio. Ela aceitou o desafio.

Assim, ela escreveu mulherão na vertical e para cada letra de seu elogio escreveu uma palavra, preferencialmente, a que viesse primeiro à mente. Veja como ficou o acróstico:

M - Macho
U - Unha
L - Lápis
H - Hoje
E - Errado
R - Rato
A - Amor
O - Omelete

Desta maneira, no acróstico as palavras que estão entre macho e omelete são: unha, lápis, hoje, errado, rato, amor.

Feita essa parte da tarefa, solicitei que escrevesse uma frase usando as oito palavras originadas da palavra mulherão.

O resultado foi o seguinte texto: “O macho tem unha e hoje olhou errado para elas. Quando viu o rato escreveu no caderno à caneta, porém achou melhor escrever à lápis para seu amor. Sentiu fome e foi comer o seu omelete”.

Minha análise[2] do texto resultante da palavra mulherão.

Vou analisar primeiro o acróstico.

Entre as palavras macho e omelete existem outras seis palavras. Há semelhanças entre macho e omelete na medida em que ambas podem apontar para a relação de gênero. Omelete se faz com ovos! Ovo me faz lembrar de óvulo, produção feminina. Assim, entre homem e mulher há inúmeras distâncias.

Unha cresce, por isso é necessário cortá-la para não ferir os outros. Há órgão que cresce! E precisa de controle, de domínio próprio. Se cortados, amputados, não funcionam mais. Mas existe pessoa que tem vontade de mandar cortar órgãos masculinos sem domínio próprio que se aproveitaram da situação de vulnerabilidade da infância ou da adolescência. Diga-se de passagem que a Lei é o caminho que se tem para impor limites sobre os donos desses órgãos. Por isso, a denúncia é importante em caso de abuso sexual. A unha é como o nariz do pinóquio, cresce! O nariz do pinóquio cresce quando a boca do menino de madeira pronuncia mentira. Esta, é uma coisa errada. Também é errado se envolver sexualmente com a própria filha, o próprio filho, ou neta/o, sobrinha/o. A Bíblia diz em Levítico 18.9-15 que não se deve envolver sexualmente com a irmã, seja ela filha do pai ou da mãe; não se deve envolver sexualmente com a neta; não se deve envolver sexualmente com a tia ou tio. Enfim, a Bíblia diz que esses tipos de comportamento são errados.

O lápis é um instrumento para a educação. Esta, é um processo em que se ganha e se perde. Quem aprende a escrita e a leitura ganha na capacidade de tradução[3], pois tem que traduzir pensamentos em palavras. No início da minha carreira acadêmica usava muito o lápis. O argumento da minha professora era o de que se eu errasse poderia apagar. Mas a caneta seria usada quando a minha capacidade de acerto estivesse mais acentuada. Voltando à frase. A autora da frase afirma que “o macho quando viu o rato escreveu no caderno à caneta”. O rato representa o que é nojento, impuro. Não me refiro à cobaia de laboratório, mas a ratazana. Esta, sai para buscar comida entre os dejetos, o lixo de casa, dos bares, restaurantes. Enfim, excetuando Firmin (leia os apontamentos sobre o livro) e as cobaias bonitinhas, os demais ratos são asquerosos. Mas na frase a autora diz que o macho escreveu à caneta no caderno, diante de um estímulo chamado rato. Quando se escreve à caneta fica mais difícil de se apagar. Entretanto, o mesmo macho, escreve à lápis para o seu amor. Escrever à lápis é frágil. Ninguém aceita um contrato assinado à lápis, mas à caneta. Lápis pode se apagar. A impressão é que a autora, consciente ou inconscientemente, afirma que macho de respeito gosta de coisas nojentas e impuras; mas em relação ao amor ele é falso, pois escreve à lápis. Diga-se de passagem que os machos são considerados nojentos pelo universo feminino. Conversando sobre os medos da autora da frase ela segredou-me que o rato é um deles. Escrever o medo à caneta é marcante. Medo quando se instala se torna forte, quanto mais se foge dele mais ele aparece. Só vai embora, definitivamente, quando se faz uma amizade com ele. E medo não quer relações de amizade. A autora também disse-me que o amor é para ela um enigma, uma desilusão. Talvez, por isso, ela tenha usado o macho para transferir-lhe suas decepções em relação ao amor.

Hoje é uma palavra muito interessante. Gosto muito dela. Hoje é o dia que se tem para realizar o amanhã. Quem deprecia o presente enfraquece o futuro. Essa idéia da depreciação do hoje aprendi com Viktor Emil Frankl. Ele diz que a pessoa que se agarra às coisas do passado deprecia o presente, bem como a pessoa que se preocupa excessivamente com o futuro. Deve-se viver o dia de hoje intensamente. O Senhor Jesus disse: “basta a cada dia o seu próprio mal”. A autora da frase está cheia de planos no presente e o vivencia intensamente.

Errado, outra palavra que apareceu entre o macho e o omelete. Errado e certo é hoje uma linguagem religiosa. Entre outros profissionais se fala em bom ou ruim. O certo e o errado no século XXI estão fora de moda. Desta forma, falar em errado dá um ar de absurdo! Mas há absurdos que se comete em nome do direito de educar. Como pais que acham que podem bater, espancar o filho ou pais que criam e acham que tem o direito de deflorar a filha. É errado!

Sobre o rato falei em relação ao lápis e à caneta, bem como teci algum comentário sobre o amor.

Para finalizar, a frase termina dizendo que o macho ao sentir fome foi comer o seu omelete. Os machos ainda são assim! Objetificando o outro. As mulheres ainda reclamam que os machos as procuram para sexo e não para carinho desvinculado de sexo. Macho quando está com fome quebra os ovos e faz omelete, pode até não ficar muito saboroso. Quem nunca riu de uma situação encenada nos filmes em que o macho procura o amor de sua vida e dois minutos depois tudo já está resolvido.

Bem, é isso.
[1] Esclareço que a pessoa deu-me autorização do uso de sua fala. Contudo, mantenho seu anonimato.
[2] Reconheço que há muitas formas de se analisar.
[3] José Saramago diz que a escrita é uma tradução.

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