Meu primeiro contato com Firmin se deu no site da RTP, no programa “No fio da palavra”. Não resisti aos bons comentários e às pequenas leituras da apresentadora do programa.
O segundo contato foi físico quando o livro chegou-me às mãos. Não perdi tempo e iniciei a leitura. Como sou neurótico em leitura, lia e escrevia em meu caderno de anotações o que me interessava. Sei que esse jeito de ler demora um pouco mais, mas me é produtivo.
Bem, terminei a leitura do livro. O que mais me chamou a atenção foi a capacidade de sobrevivência de Firmin. Ele, um rato, filho de uma ratazana alcoolista, de doze tetas, todas comprometidas com seus rebentos. Firmin era o 13º. Era fraco. Portanto, ele estava destinado à morte em pouco tempo. Você sabe que ser fraco, ou ser rotulado de fraco, é um grande problema. Maior ainda é quando se é pequeno. Uma criança que nasce com limitações tem hoje os recursos da tecnologia que ajudam em muito nas correções físicas e nas operacionalizações para um prolongamento da vida. Entretanto, um animal precisa de forças para lutar pela sua sobrevivência desde o primeiro momento em que sai da madre. Quem diz que milagres não acontecem deve ler Fimin. Um rato que sobrevive a uma mãe alcoolista, sendo o 13º filho, fisicamente fraco e que não tinha como disputar uma teta, pois eram apenas doze é um alvo do milagre. Ele não é somente um sobrevivente. É também um sujeito. Um construtor de sua história e influente na história dos outros. Firmin deixou suas marcas nas tubulações que encontrou prontas, pelas quais passaram seus ancestrais. Ele reconhece o valor histórico do passado e não desperdiça o seu presente com lamentações do que foi ou do que não possui. Contudo, apropria-se do passado e, a partir dele, constrói um pouco mais na “humanização” do rato, que aprende a ter o gosto pela leitura, bem como ensaia algumas formas de comunicação apesar de não ter conseguido desenvolver fluentemente o dom da linguagem falada, comunicou-se através de LIBRAS.
Firmin ajuda os leitores a fazerem resignificações do lado sombrio de suas histórias. Ele encontra beleza escondidas. No caso de Firmin o alcoolismo materno foi uma bênção para a sua sobrevivência. Você precisa ler para fazer essa descoberta. Apreender a enxergar belezas escondidas não é síndrome de poliana; mas construção filosófica que Viktor Emil Frankl domina em seus escritos, alicerçado em Buber, Hurssel, Heidegger.
Enfim, a imagem que guardo de Firmin é de algo que se confunde com alguém. Não é uma forma borrada, mas clara pela sua voraz persistência na leitura, nas escolhas de lugares onde os livros estavam e nas tentativas de relacionar-se com os humanos. Minha única recomendação para os leitores que amam cachorros é que relevem as afirmações de Firmin sobre os caninos. Apesar de amar um cachorro, não meu, mas dos outros eu relevei a contundente afirmação do ratinho. Talvez ele tenha sido movido por um sentimento maligno de inveja, pela proximidade entre as pessoas e o melhor amigo do homem.
É isso!
Paulo Pinto Alexandre
O segundo contato foi físico quando o livro chegou-me às mãos. Não perdi tempo e iniciei a leitura. Como sou neurótico em leitura, lia e escrevia em meu caderno de anotações o que me interessava. Sei que esse jeito de ler demora um pouco mais, mas me é produtivo.
Bem, terminei a leitura do livro. O que mais me chamou a atenção foi a capacidade de sobrevivência de Firmin. Ele, um rato, filho de uma ratazana alcoolista, de doze tetas, todas comprometidas com seus rebentos. Firmin era o 13º. Era fraco. Portanto, ele estava destinado à morte em pouco tempo. Você sabe que ser fraco, ou ser rotulado de fraco, é um grande problema. Maior ainda é quando se é pequeno. Uma criança que nasce com limitações tem hoje os recursos da tecnologia que ajudam em muito nas correções físicas e nas operacionalizações para um prolongamento da vida. Entretanto, um animal precisa de forças para lutar pela sua sobrevivência desde o primeiro momento em que sai da madre. Quem diz que milagres não acontecem deve ler Fimin. Um rato que sobrevive a uma mãe alcoolista, sendo o 13º filho, fisicamente fraco e que não tinha como disputar uma teta, pois eram apenas doze é um alvo do milagre. Ele não é somente um sobrevivente. É também um sujeito. Um construtor de sua história e influente na história dos outros. Firmin deixou suas marcas nas tubulações que encontrou prontas, pelas quais passaram seus ancestrais. Ele reconhece o valor histórico do passado e não desperdiça o seu presente com lamentações do que foi ou do que não possui. Contudo, apropria-se do passado e, a partir dele, constrói um pouco mais na “humanização” do rato, que aprende a ter o gosto pela leitura, bem como ensaia algumas formas de comunicação apesar de não ter conseguido desenvolver fluentemente o dom da linguagem falada, comunicou-se através de LIBRAS.
Firmin ajuda os leitores a fazerem resignificações do lado sombrio de suas histórias. Ele encontra beleza escondidas. No caso de Firmin o alcoolismo materno foi uma bênção para a sua sobrevivência. Você precisa ler para fazer essa descoberta. Apreender a enxergar belezas escondidas não é síndrome de poliana; mas construção filosófica que Viktor Emil Frankl domina em seus escritos, alicerçado em Buber, Hurssel, Heidegger.
Enfim, a imagem que guardo de Firmin é de algo que se confunde com alguém. Não é uma forma borrada, mas clara pela sua voraz persistência na leitura, nas escolhas de lugares onde os livros estavam e nas tentativas de relacionar-se com os humanos. Minha única recomendação para os leitores que amam cachorros é que relevem as afirmações de Firmin sobre os caninos. Apesar de amar um cachorro, não meu, mas dos outros eu relevei a contundente afirmação do ratinho. Talvez ele tenha sido movido por um sentimento maligno de inveja, pela proximidade entre as pessoas e o melhor amigo do homem.
É isso!
Paulo Pinto Alexandre
Nenhum comentário:
Postar um comentário