sexta-feira, 17 de julho de 2009

Prefácio



Na atualidade, o conceito religião (religare) não quer dizer, necessariamente, religação com Deus, mas sim ter uma experiência com os mistérios sagrados, os ritos de contato com as divindades, as dimensões invisíveis, a consciência. Ainda no início do século XX, havia o anúncio da extinção do fenômeno religioso. Entretanto, religião e religiosidade não desapareceram e estariam sendo revividas na dimensão da espiritualidade.
Espiritualidade é um tema atual. Profissionais da saúde e pesquisadores vêm, cada vez mais, reconhecendo a importância da dimensão espiritual para a saúde. Contudo, é necessário coragem para lidar com uma área repleta de preconceitos tanto a favor quanto contra a espiritualidade. Sobretudo, quando se trata de uma espiritualidade centrada não na subjetividade individual, mas na objetividade da autoridade da Bíblia e de um relacionamento com o sagrado na manifestação histórica do Cristo.
Os autores, de posse da lógica protestante de que a expressão da verdade está nos tempos bíblicos, resgatam, do passado, as diretrizes da espiritualidade. Esse resgate histórico é bastante interessante em contraste com a pós-modernidade, a qual, de um lado, nega a ideia de certo e errado e, de outro lado, impõe às pessoas uma crise de sentido – na medida em que há avanços tecnológicos e retrocessos/estagnações nas relações humanas perpassadas, atualmente, por vários tipos de violência, sendo a violência doméstica a mais perversa de todas.
Mas há esperança. A proposta dos autores é a de uma espiritualidade enquanto relacionamento com Deus, mediado pela pessoa de Jesus Cristo, que gera uma quebra de homeostase. Portanto, mudança. E toda mudança, superficial ou profunda, exige uma busca por novo equilíbrio.
Para os autores, o coração humano necessita, para a sua humanização, da experiência do amor divino, revelado em 66 cartas e na manifestação histórica da cruz. Assim, a espiritualidade não está circunscrita a lugares tidos por sagrados, mas ao relacionamento com o Deus revelado nas Escrituras e manifesto historicamente pela Segunda Pessoa da Trindade.

Paulo Pinto Alexandre

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