sexta-feira, 19 de junho de 2009

TIVE UM PESADELO: DIÁLOGO ENTRE PSICÓLOGO E PACIENTE!

Psicólogo: Olá! Como você está hoje?

Paciente: Não muito bem!

Psicólogo: Então me conta o que aconteceu.

Paciente: Acordei pela manhã por causa de um pesadelo. Eu estava num lugar público cheio de pessoas. Parecia uma cerimônia de casamento, ou algo que se faz de vez em quando numa igreja. Eu estava bem perto do altar, ou estava no altar celebrando uma cerimônia sagrada. Eu recebi um telefonema de minha esposa. Eu ouvi o telefone tocar, meu coração logo disparou. Lembrei-me, no sonho, que ela havia viajado com os meus filhos. Vi a tragédia! Procurei o telefone mas não o encontrei (coisa de sonho). Alguém estava com meu telefone à porta da igreja. A pessoa atendeu meu telefone e eu saí correndo em direção à porta, deixando para trás o altar, enquanto passava pelos corredores da imensa igreja (quando se esta com pressa ou ansioso a travessia parece longa) ouvi uma voz dizendo: “é a esposa, uma tragédia aconteceu”. Logo pensei: “o diabo também freqüenta a igreja”. Em desespero, peguei o telefone e ouvi do outro lado uma confusão. Era minha esposa chorando, tentando me falar algo, eu ouvia vozes de pessoas gritando. Uma voz lá no fundo, do outro lado, era parecida com a voz de um dos meus filhos. Entrei em desespero imaginando a desgraça que havia ocorrido. Acordei assustado! Graças a Deus minha esposa estava ao meu lado na cama e meus filhos estavam no quarto ao lado.

Psicólogo: Gostaria que você se empenhasse em descobrir alguma beleza adormecida em seu pesadelo.

Paciente: Você está brincando comigo. Você realmente acredita que há alguma coisa boa nisso tudo? Não me venha com essa conversa de “poliana”.

Psicólogo: Acho que você me entendeu mal. Então, deixa-me explicar melhor. Não tem nada a ver com poliana, mas tudo a ver com a logoterapia, conhecida como a terceira escola de Viena, cujo fundador foi Viktor Emil Frankl, que pressupôs que tudo tem um sentido (logos). Entretanto, o sentido não pode ser atribuído por alguém, mas descoberto. Faça um esforço para enxergar alguma beleza em seu pesadelo.

Paciente: Não posso! Eu não consigo! Acho que mexer em algo que está quieto é um grande risco. Vai que a desgraça venha a se concretizar. Aí eu vou me penitenciar para toda a vida.

Psicólogo: Lembrei-me de dois relatos importantes. Um é de Elisabeth S. Lukas, discípula de Viktor E. Frankl. Ela afirma que a frase “não posso” é dita apenas com um mover de lábios, sem exigência de reflexão, é portanto, fácil de ser dita, rápida e cômoda. Mas é improdutiva. Mata possibilidades, que poderiam ter emergido a partir de um “eu posso”. O outro relato é do próprio Frankl, que conta uma historia de um mordomo que avistou a morte rondando a casa do patrão. Tendo a impressão de que a morte estava ali para levá-lo, resolveu dela fugir. Contou ao patrão o que estava acontecendo, pedindo um cavalo para fugir para uma cidade distante, a fim de enganar a morte. O patrão o atendeu. O mordomo à galope fugiu da morte. O patrão encontrando a morte por ali, perguntou-lhe de suas intenções. E ela disse que estava apenas fazendo hora, pois haveria de encontrar o mordomo à noitinha na cidade distante. Moral da história: tentar fugir da morte é encontrar-se com ela. Quero que você pense sobre duas situações: a primeira é que, quem sempre diz “não posso” mata potencialidades adormecidas. A Segunda é que, viver se esquivando da morte é não realizar a história que a vida espera da pessoa. A morte deve ser a força motriz para se viver intensamente o dia de hoje.

Paciente: É fácil falar de uma situação cômoda. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Estou cansado desse papo de auto-ajuda. Bem, não posso falar, não vou falar e, simplesmente, vou embora. Meu tempo acabou! Até breve.

Paulo Pinto Alexandre
crp 06/44437-8

Nenhum comentário:

Postar um comentário

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _