sábado, 26 de novembro de 2011

A FOME


Hoje eu acordei com muita fome. Senti até aquela dor da fome, tão forte nos tempos de recém nascido. Apesar da dor, ela é uma dor boa. Ela anuncia a necessidade de alimento.


Levantei-me e matei a fome. Fui à cozinha e comi frutas, depois uma xícara de café com leite e pão com manteiga. Que delícia!


Procurei não comer demais. Comi bem! Satisfiz-me! Foi bom!


O alimento dentro de mim, em digestão, deu-me culpa. Culpa faz mal a saúde mental.


Existem três estraga prazeres na vida. A morte, o sofrimento e a culpa.

A morte ao atingir nossos planos não tem solução, resta-nos a superação. A morte não pergunta se pode vir e nem se vai comprometer o desenvolvimento de uma criança, muito menos se vai gerar empobrecimento ou enriquecimento. Ela vem e faz o que tem de fazer.

O sofrimento pode ser em decorrência do portão para o qual somos empurrados em dado momento da vida. É aquela situação que vivenciamos sem escolha. Exemplo. O diagnóstico médico de uma doença com prognostico com baixo percentual de recuperação da saúde. Entretanto, sofrimento pode ser superado.

A culpa faz as pessoas adoecerem. A culpa justificada é aquela culpa por algo que fizemos contra alguém. A superação dessa culpa é via o perdão. Quem sabe que fez, deve pedir desculpa e ponto final. Porém, há a culpa injustificada. É aquela culpa que alguém sente por dizer sim quando quer dizer não. Exemplifico. Imagine alguém que tem horror à festa de natal. A pessoa ama os familiares mas detesta a época de natal. Entretanto, todos os anos ela convida os pais para a tradicional reunião natalina. O faz como um grande sacrifício na cozinha e na arrumação interminável da casa. O motivo de se sujeitar a esse sofrimento é o medo de magoar ou criar um clima de desarmonia na família caso faça outro plano. Para não magoar a pessoa é incongruente consigo mesma: interiormente ela diz “não” e exteriormente diz “sim”. Essa incongruência, favorece o adoecimento. 


Bem, minha culpa era em relação ao meu próximo sem pão na mesa. A fome dói. Imagine a dor de quem sofre a dor da fome sem ter alimento para matar o que faz doer. Saber que tem gente que morre de fome! Crianças, adolescentes e adultos. Que mundo é esse que estamos construindo? Não posso simplesmente fazer de conta com discursos que suavizam a minha consciência para a negação de minha culpa. Minha culpa é justificada! Eu também sou um construtor que colabora para a construção deste mundo.

Mas, o que posso fazer?

Bem, terei melhor ânimo na hora de votar. Terei melhor ânimo no encontro com um pedinte! Serei mais solidário! Terei bom ânimo na construção responsável de um mundo melhor!

É isso!
Paulo Alexandre

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