Hoje de manhã transitando por Santo André tive vontade de que o Kassab fosse prefeito aqui.
Na minha frente estava um caminhão fumacento e lento. Tentei ultrapassar, não deu. Fiquei atrás. Para suportar lentidão e fumaça, pensei num enorme sinal de pare. Inspirei fundo e expirei por umas quatro vezes. Não pense que inspirei todo aquele monóxido de carbono. Os vidros e o sistema de ventilação do carro estavam fechados.
Acompanhando o velho caminhão li na traseira dele: "A vida é amarga, mas a carga é doce".
Perdi o desejo do Kassab como prefeito. O caminhão transportava doces. Lembrei-me do doce de minha infância. Maria-mole, doce de batata doce...
Quis ficar atrás do caminhão curtindo o tempo bom do passado. Quando ele me deu passagem, eu não quis. Fiquei ali atrás da fumaça, imaginando o tempo em que comia doces sem culpa.
Estava tão gostosa a lembrança que brinquei com o pensamento e ri. Imaginei um grupo de idosos diabéticos assaltando o caminhão. Imaginei estampado no jornal na primeira página: "Diabéticos roubam caminhão de doces. A polícia os perseguiu! Todos foram parar no hospital".
É, a vida é assim! Muito amargo faz mal. Muito doce também faz mal. É preciso moderação!
É isso!
Paulo Alexandre