sábado, 31 de julho de 2010

Tempus Fugit

Quando era criança eu me deitava no chão para brincar com as nuvens. Eu via o que queria ver. Mas, na escola fui perdendo esse dom. Os meus primeiros anos de escola não foram tempos bons. Eram tempos em que a autoridade dos professores ultrapassava a manipulação do giz, do apagador e do conhecimento historicamente acumulado.

No meu tempo de escola quem não aprendia apanhava. Eu morria de medo só de pensar que poderia ser atingido pela descarga de raiva da minha professora.

A escola da minha infância eu a comparo com os presídios, tal como afirma Ariès (1981). É bem verdade que naquela época a minha escola não tinha grades nas janelas e nem nas portas. Mas era o lugar em que as crianças deviam aprender a deixar de brincar e ficar sentada por horas a fim de aprender a ler e escrever num processo de mumificação. A aquisição da leitura e da escrita era através da Caminho Suave, que não me parecia tão suave, mas extremamente penosa. Foi nessa morada das letras que conheci dona Elza minha primeira professora.

Que criança gosta de um adulto que quer que ela fique como uma múmia sentada numa carteira e olhando para a lousa? Chamam isso de atenção e concentração. Foi numa sala de aula que descobri que aprender é um processo doloroso. Além disso, ir para a escola requeria abandonos. Não foram poucas as tardes em que tive que deixar minha querida bola, os amigos do campinho, as cavernas que construíamos nos terrenos baldios e minha querida mãe em casa. Se tivessem me deixado escolher tinha escolhido não ser alfabetizado. Para mim, escola não era um lugar legal, mesmo que para os adultos fosse necessário. O recreio era bom, concordo com Rubens Alves.

Espero que na perspectiva do aluno a escola de hoje seja melhor.

É isso!
Paulo Alexandre 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PROCURA-SE UM FIADOR!

Fiador é uma palavrinha que impõe nos relacionamentos familiares um palavrão. Para não sermos emocionais na análise dessa palavra envolvente vamos aos racionais.

O dicionário Houaiss (*) afirma que fiador é um adjetivo e substantivo masculino. O fiador é a pessoa que “se obriga a realizar o pagamento ou o cumprimento de obrigação de outra pessoa, caso o devedor não a cumpra no tempo e sob as condições preestabelecidas”.

Fiador é a pessoa que torce todo mês para que o afiançado faça o pagamento da obrigação que ele é o afiançador. Fiador é o último a saber que está devendo. Fiador é o que expõe seu CPF à investigação. Fiador é alguém que não soube dizer não. E, por que não soube? Talvez porque quem o solicitou era um parente ou um amigo mais chegado do que parente. Salomão diz em Provérbios que há amigo mais chegado do que parente. Acho que é por isso, que alguns não conseguem dizer não para um amigo que necessita de fiador, mas conseguem de alguma forma dizer não para os parentes.

Eu tenho amigo assim. Vivi um ano muito difícil na minha vida financeira em que ele, sem que o pedisse, ofereceu-me um salário mínimo por mês durante doze meses. Meu amigo não quis ser fiador, mas aquele que ajuda a pagar a conta. Tem de ser gente que convive com a gente e com quem a gente convive. Depois de alguns meses eu disse para ele que não precisaria mais. Salomão foi certeiro na sua experiência: há amigos que são mais chegados que irmãos. Graças a Deus por ambos, pois cada um tem o seu papel.

No meu entender fiador precisa ter além de boa ficha condições de pagar a conta, caso contrário terá muitos problemas antes e depois de afiançar.

Diante de tudo isso, pergunto-me: Tem sentido ser fiador?

No Houaiss diz que no regionalismo do Minho fiador diz respeito a uma “árvore que se planta junto a outra para a substituir se esta morrer”.

Talvez inconscientemente fosse esse o sentido dos padrinhos nos batismos de criança no catolicismo. A ideia acima do Houaiss me faz pensar nos filhos de criação no Nordeste do Brasil.

Para terminar, ainda recorro ao Houaiss, fiador é como fecho de segurança da espingarda, é como correia no freio dos animais, é “pedaço de cabo fino preso ao punho da espada em forma de alça para não escape das mãos de quem a maneja”.

É isso!
Paulo Alexandre

(*)http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=fiador&stype=k

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sonhos

Sonhos todos tem. Seja dormindo ou acordado. Erich Fromm chama de linguagem esquecida os sonhos que temos quando dormindo. Freud interpretava os sonhos de seus pacientes. O pai da psicologia profunda abriu caminho para outros, como Viktor E. Frankl. Para Frankl sonhos são manifestação da consciência. Ele conta o sonho de uma paciente. Ela estava indo para a psicoterapia e passava em frente uma igreja conhecida. A interpretação para ele era bem simples: a consciência da paciente estava indicando que o desvio da psicoterapia era o caminho que a levaria a Deus.
Eu ia escrever mais sobre o assunto. Mas, achei melhor deixar essa ideia de psicoterapia que leva à Deus para reflexão.
É isso!
Paulo Alexandre.
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